Espécies invasoras ameaçam a biodiversidade de muitos habitats. Saiba mais sobre esta situação.

31/07/2022

Por: Airton Noé Araujo da Silveira. ( Eng. Ambiental )

ESPÉCIES INVASORAS

 

As espécies invasoras são aquelas que por algum motivo, foram introduzidas ou conduzidas até outras regiões, que não eram anteriormente os seus habitats de origem conhecida e habitual.
 
Estas espécies que entram em um contexto de serem consideradas invasoras, podem representar diversos riscos para as espécies nativas, devido as possibilidades de promoverem desiquilíbrios ambientais, principalmente na cadeia alimentar regional de outras espécies.
 
Em determinados casos, as espécies invasoras não possuem predadores naturais nas novas regiões ocupadas, e assim competem desproporcionalmente com outras espécies locais.
 
Dessa forma, a reprodução das espécies sem predadores naturais, também tende a ser maior do que aquelas que tem um controle populacional em função da cadeia alimentar.
 
Em muitos casos, as espécies invasoras tendem a prejudicar de forma bastante acentuada as espécies locais, devido ao seu desenvolvimento desordenado, se sobrepondo em relação as demais espécies, e representando um novo predador no habitat.
 
As atividades humanas com certeza representam as ferramentas mais relevantes e eficazes na promoção do deslocamento de outras espécies pelos continentes.
 
Também pode ocorrer a situação de espécies se deslocarem naturalmente em alguns habitats em função de motivos adversos do ambiente, como erupções vulcânicas, que afugentam alguns animais para outros locais, tsunamis, terremotos e outros fenômenos naturais.

Porém ainda assim, há uma certa limitação geográfica que auxilia na contenção de muitas espécies entre espaços mais distantes como os intervalos continentais.
 
As ações humanas, tem um papel histórico neste tipo de desequilíbrio entre as espécies, desde os tempos das colonizações de muitos países.
 
Podemos citar os casos onde os navios que atravessavam os oceanos, não possuíam nenhum controle de espécies animais ou vegetais que eram transportadas, com ou sem consentimento dos tripulantes.
 
Em determinados casos mais severos, as espécies invasoras podem ser responsáveis por dizimar grandes quantidades de populações de fauna ou flora local, e até mesmo ser um fator responsável pela extinção de determinadas espécies.
 
Em boa parte dos casos, é muito difícil controlar a população de espécies invasoras livres no meio ambiente, e dessa forma o combate ao desequilíbrio se torna cada vez mais difícil, conforme no decorrer do tempo em que as espécies vão se adaptando e tomando conta da nova região.
 
O prejuízo para a biodiversidade de muitos habitas que ocorre em função das espécies exóticas, representa graves impactos ao meio ambiente e a todos os ecossistemas envolvidos e afetados.
 
A conservação de muitas espécies mais frágeis, também é um assunto que é abalado com o desequilíbrio causado pelas espécies invasoras.
 
O desequilíbrio ambiental devido a introdução de espécies neste contexto anteriormente abordado, além de causar os danos para as outras demais espécies locais, podem causar danos a economia e saúde pública.
 
Isso acontece em função de determinadas espécies representarem enormes riscos para a produção de alimentos de origens vegetais e animais.
 
A questão de saúde pública pode ser afetada em função de casos em que espécies podem transportar doenças que se alastram e põe em risco a saúde de todos.
 
Devido à falta de conhecimento das possíveis consequências que uma determinada espécie pode causar fora do seu ambiente de costume, o risco é grande quando as
ações humanas facilitam estes processos de deslocamentos destes seres vivos. 

EXEMPLOS DE ESPÉCIES INVASORAS

 

 

Caramujos-gigantes-africanos

 

Os caramujos-gigantes-africanos representam um grave risco nos EUA, pois podem promover um potencial dano para a saúde das pessoas.

 

Esses caracóis são hospedeiros de vermes pulmonares de ratos, e se os humanos ingerirem eles, estes parasitas podem chegar ao cérebro, e assim pode ocorrer a infecção das membranas externas no cérebro.

 

Além de poder transmitir parasitas, estes caramujos podem se alimentar de pelo menos 500 tipos de plantas diferentes, e isso pode ser um grande risco para a agricultura.

 

“Eles são perigosos para a nossa saúde porque carregam parasitas (Angiostrongylus cantonensis) que causam meningite em humanos”, diz a comissária de Agricultura da Flórida, Nikki Fried. 

Fonte: BBC

Imagem: Caramujo-gigante-africano
Fonte: Wikipedia
Javali
 Os javalis foram trazidos para o Brasil com o intuito de formar criações comerciais, porém exemplarem fugiram e se disseminaram por vários municípios brasileiros.

Estes animais representam um grave risco a outras espécies nativas, pois é um predador voraz de outros animais.

Também representa um grave risco para a economia, pois se alimenta de plantas como as que são cultivadas em lavouras, como por exemplo o milho.

Devido ao alto risco que os javalis representam no território nacional, é permitida a caça deste animal, seguindo critérios de cadastramento dos caçadores para esta finalidade.

Um problema que ocorre e dificulta o controle dos javalis, é que eles podem ser confundidos com outros animais nativos do território nacional, como o cateto e a queixada, que possuem certas semelhanças entre as espécies.

Os javalis também cruzaram com os porcos domésticos, e devido a esta proximidade entre espécies, podem transmitir doenças para o rebanho convencional de suínos.

O javali é uma das 100 espécies invasoras mais perigosas para a biodiversidade segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Desde 2013 a caça e controle do animal é legalizada em todo o território nacional pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Antes disso, o controle já acontecia, de forma experimental, desde 1995 no Rio Grande do Sul.
Fonte: G1

Imagem: Características do javali
Fonte: G1

Mexilhão dourado

 

Esta espécie de mexilhão, pode alterar o equilíbrio dos habitats inseridos, e causa graves impactos aos demais serem destes ambientes.

 

Devido à falta de predadores naturais, o mexilhão dourado se multiplica de forma ampla, e se fixa sobre outras espécies como por exemplo alguns tipos de corais, formando barreiras que atrapalham a alimentação das outras espécies.

 

Esta espécie possui uma alta capacidade de aderir e se fixar em outros materiais, e dessa forma, ela pode se acomodar sobre outros serem marinhos e também sobre diversos tipos de estruturas artificiais que ficam no mar, como tubulações, cascos de embarcações, hélices, entre outras.

 

 

No Brasil, temos como exemplo a espécie invasora “Limnoperna fortunei” – o mexilhão dourado. Esta é uma espécie nativa de rios e arroios chineses e do sudeste asiático que entrou em águas sul-americanas através da água de lastro. O impacto negativo do mexilhão dourado no Brasil tem sido grande, causando problemas de entupimento de tubulações, filtros de usinas hidroelétricas e bombas de aspirações de água, degradação das espécies nativas e problemas relacionados com a pesca.

Fonte: Marinha

Imagem: Incrustação de estruturas em usinas hidrelétricas, causada pelo mexilhão dourado (Limnoperna fortunei).

Fonte: GIA

Peixe-leão

 

Exemplares de peixe-leão já foram registrados em águas brasileiras e representam um alto risco para outras espécies, pois não tem predadores naturais.

 

Esta espécie possui espinhos com um veneno bastante potente que serve de proteção para ele.

 

A fêmea do peixe-leão pode desenvolver cerca de 2000 ovos por ano, e desta forma pode se multiplicar de forma desordenada e bastante rápida.

 

O peixe-leão (lionfish) é uma espécie nativa do Oceano Pacifico que se tornou a pior espécie invasora nos recifes de corais do Caribe, principalmente pelo fato de não ter predador natural. Esta espécie vem causando um grande desequilíbrio neste ecossistema, pois consome rapidamente invertebrados e larvas de outros peixes.

Fonte: ICMBI

Imagem: Peixe leão

Fonte: Joel Sartori

Coral-sol
 
O coral-sol é uma espécie exótica que se proliferou pela costa brasileira, depois de ser introduzido por acidente, em função que veio de carona em estruturas de plataformas de petróleo.  
 
Esta espécie de coral é originária do Indo-Pacífico, e causa grave risco para os seres marinhos locais, pois a sua alta capacidade de se multiplicar é maior que a de outras espécies de corais da costa brasileira.
 
Desta forma, a competição por espaço é vencida pelo coral-sol, e assim pode acarretar a morte de exemplares de corais regionais.
 
Isso prejudica a biodiversidade que está envolvida nos ambientes anteriormente equilibrados.
 
Algumas espécies de peixes que visitam os corais nativos, podem deixar de fazerem as suas buscas de alimentos nas proximidades dos novos corais, nestes ambientes onde se instalaram os invasores.

Isso ocorre devido à falta de biodiversidade que representa ambientes menos atrativos para indivíduos de diferentes cadeias alimentares.

 

Atualmente, a espécie ocupa de forma descontínua cerca de 3 mil km da costa.
A espécie está presente em nove dos 17 Estados litorâneos do Brasil. Além de ocorrer em ambientes naturais do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo e Bahia e em substratos artificiais em Sergipe, foi identificada também em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, em estruturas artificiais (principalmente naufrágios). 
Fonte: Jornal da USP

 

Imagem: Coral-sol
Fonte: Arquivo IBAMA

Capim-annoni

 

O capim-annoni não é muito apreciado por ruminantes, e conforme os animais realizam uma seleção na pastagem evitando o annoni, o pasto nativo é consumido, deixando espaço para a espécie invasora ir se multiplicando e ganhando espaço.

 

Este capim pode produzir grandes quantidades de sementes e se multiplicar mais rapidamente que outras plantas nativas de mesmo porte.
 
Esta espécie se alastrou no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
 
Conforme o capim-annoni se desenvolve, acaba dificultando o crescimento de outras plantas, e isso prejudica a qualidade das pastagens.
O capim-annoni (Eragrostis plana) nativo da África do Sul, foi introduzido acidentalmente nos anos 50 e é usado como uma planta forrageira de baixa qualidade, chamamos de forrageiras as plantas usadas como pastagem e alimentação do gado.
Fonte: Ufrgs

Imagem: Capim-annoni

Fonte: Naylor Perez – Canal Rural 

Para conhecer mais espécies que se encontram no contexto de invasoras no Brasil, clique no link abaixo:
 
LISTA DE ESPÉCIES INVASORAS NO BRASIL
 
 

Alguns aspectos e procedimentos para evitar que ocorram mais espécies se tornando problemas em outros ambientes que não são os seus originais, são interessantes de se conhecer e refletir.

 

Alguns destes procedimentos podem até fugir do nosso alcance, mas alguns destes, todos nós podemos ajudar a colaborar para evitar maiores problemas.

 

Veja a seguir algumas possibilidades do que é possível fazer para evitar o surgimento de novas espécies invasoras:

 

_ Não colaborar com o tráfico de animais.

_ Evitar a compra de espécies que não se conhece a origem, ou que não são legalizados como domésticos.

_ Denunciar casos em que ocorra a presença de espécies de origem duvidosa, para órgãos competentes averiguarem.

_ Não trazer junto, exemplares de espécies, em função de viagens internacionais.

_ Para envolvidos em empresas marítimas, seguir as regras de controle de água de lastro em embarcações.

_ Observar em materiais e estruturas compradas de outros países, se há algum indício que possa ter vindo junto algum exemplar vivo de alguma espécie diferente.

_ Respeitar a legislação que visa coibir a importação de espécies exóticas.

_ Não abandonar animais em ambientes diversos.

_ Evitar o transporte de solo, entre longas regiões, pois pode conter micro-organismos ou sementes.

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