Fazendas verticais se multiplicam pelo mundo. Saiba mais sobre esta tendência.

Por: Airton Noé Araujo da Silveira. ( Eng. ambiental )

07/08/2022

 

O cultivo de alimentos orgânicos está retornando em muitas localidades, depois de um longo tempo que quase deixou de existir, para dar espaço para a produção em massa que é destinada para a industrialização, e com métodos de cultivos mais agressivos para o meio ambiente.

Neste contexto de buscar mais espaço para cultivar alimentos, as hortas orgânicas verticais em estufas estão se tornando uma nova realidade e vem se mostrando como uma alternativa bastante promissora.

A evolução do sistema de produção de alimentos orgânicos, vem evoluindo de pequenas hortas verticais, para grandes fazendas verticais de alta produção.
O conceito de Fazenda Vertical foi cunhado pelo Biólogo Dickson Despommier, que atuava na Universidade de Columbia, que fica em Nova York (EUA), no ano de 1999. Mas há registros de que outros cientistas já haviam falado de um sistema parecido muito antes disso, lá em 1979.
Fonte: Anafisco
Com este movimento de transformação da agricultura, o potencial da ciência agrícola, também tem uma ótima oportunidade para ser aplicada na prática reunindo diversas técnicas e conceitos de produção de alimentos melhorados e mais saudáveis.
 
Nestas fazendas verticais de produção de alimentos, é necessário um rigoroso controle biológico dentro das instalações, e processos específicos de higiene.
 
Além de outros diversos fatores controlados, como temperatura, irrigação, ventilação, iluminação e quantidade de nutrientes disponíveis para a produção.
Os principais alvos destas fazendas verticais, são os consumidores que desejam investir em alimentação mais saudável e segura, em função de conhecer os possíveis problemas para a saúde que são causados pelos agrotóxicos.
As fazendas verticais vão mais que triplicar seu mercado de US$ 3,1 bilhões em 2021 para US$ 9,7 bilhões em 2026, segundo pesquisa divulgada pela consultoria MarketandMarkets.
Fonte: Agevolution

Imagem: Composição resumida de uma estrutura utilizada em fazendas verticais.

Fonte: Ambientamais

A primeira fazenda vertical registrada no mundo foi implantada no ano de 2012, em Cingapura e sua finalidade era comercial. Foram erguidas uma média de 120 torres feitas em alumínio, dentro de um sistema rotativo capaz de garantir o recebimento de luz solar em todo o local, além de uma irrigação controlada e fornecimento de nutrientes de maneira equilibrada.
Fonte: Anafisco
Este tipo de sistema de cultivo de alimentos controlados em estufas, ajuda o meio ambiente em aspectos como na otimização de recursos consumidos como a água e fertilizantes, e na ausência de uso de agrotóxicos.
A água utilizada para a irrigação dos sistemas de cultivo fechados em estufas, pode ser reaproveitada e circular em um ciclo fechado, onde não ocorre desperdício.
Conforme as fazendas verticais são compostas por estruturas físicas, que impedem o contato direto com o ambiente do entorno, é mais fácil de isolar a produção, do possível ataque de determinadas pragas.
Levando em conta os riscos para a produção de alimentos, que a presença de elementos biológicos, podem trazer para a safra, o custo de estruturas como as estufas, se tornam viáveis para garantir a viabilidade do processo.
Para contornar os gastos com a iluminação necessária para promover o funcionamento das fazendas verticais, é possível adotar e implementar sistemas com energia solar.
A contribuição das fazendas verticais, são muito interessantes para a sociedade, principalmente se levarmos em conta a crescente necessidade de produção de alimentos, em áreas cada vez mais escassas.
A valorização da alimentação de qualidade, é de fato uma necessidade global, pois são inúmeros os problemas que a alimentação inadequada pode trazer para os consumidores.
A produção de alimentos em estufas do gênero verticalizado, e com alto controle de produção, serve de modelo para testes e avaliação, se considerarmos também as possibilidades para implementação no futuro, inclusive na colonização de outros planetas.
Na Ásia-Pacífico, as empresas envolvidas na agricultura vertical estão investindo e expandindo suas operações. O relatório menciona a empresa agritech Sustenir Agriculture (Cingapura), que lançou uma instalação agrícola vertical hidropônica de 30.000 metros quadrados em Tuen Mun, Hong Kong, em novembro de 2019.
Fonte: Agevolution

Tipos de fazendas verticais

 
Existem 3 tipos diferentes de cultivo de alimentos, nos sistemas verticais. Estes sistemas estão divididos entre os hidropônicos, aeropônicos ou aquapônicos.
Hidropônica
Consiste no cultivo de plantas em soluções com nutrientes sem a utilização de solo. Isto é, as raízes da planta são submergidas na solução cheia de nutrientes, que é regularmente monitorada para assegurar que a composição química está sendo mantida de forma adequada.
Aeropônica
O método de cultivo aeropônico foi desenvolvido (NASA). 
O termo “aeropônico”, conceito que é definido como “cultivo de plantas em ambiente aéreo sem solo e com pouca água”. 
Aquapônica 
Um sistema aquapônico une plantas e peixes no mesmo ecossistema. Os peixes são criados em lagoas, produzindo resíduos ricos em nutrientes que são usados como fonte nutritiva. E as plantas, por sua vez, filtram e limpam a água que os peixes estão.
Fonte: Tecnologia no campo

As vantagens das fazendas verticais

 
Podemos observar a seguir, uma relação com uma série de vantagens que os sistemas verticais de produção de alimentos, podem proporcionar:
 
  • Possibilidade de instalação em locais onde o solo é inadequado para a agricultura convencional.
  • Evita o lançamento de material particulado no ar, como o decorrente dos processos mecânicos convencionais para preparo do solo.
  • Diminuição dos investimentos em agrotóxicos.
  • Diminuição dos investimentos em combustíveis fósseis para mover as máquinas para o preparo do solo.
  • Diminuição das emissões atmosféricas, decorrentes da queima de combustíveis fósseis das máquinas para o preparo do solo.
  • Melhor aproveitamento dos espaços disponíveis para a agricultura.
  • Otimização de recursos hídricos.
  • Diminuição da contaminação do solo com agrotóxicos.
  • Diminuição da contaminação do solo com fertilizantes em excesso.
  • Preservação de fontes hídricas, que podem ser contaminadas com agrotóxicos e fertilizantes que escoam com a chuva.
  • Geração de alimentos mais saudáveis.
  • Minimização de riscos e perdas de produção em função de variações do clima e fenômenos ambientais.
  • Serve de alternativa, para evitar que grandes áreas de vegetação nativa, sejam devastadas para a implementação de agricultura.

As desvantagens das fazendas verticais

 
Além de vários pontos positivos para a sociedade e para o meio ambiente, é preciso considerar também que este sistema ainda possui alguns aspectos negativos.
Na relação a seguir podemos observar alguns destes pontos:
 
  • Altos investimentos para aquisição das estruturas físicas das estufas.
  • Alto custo para manutenção dos sistemas de produção controlada.
  • Investimento em energia suficiente para iluminação, controle, irrigação e tecnologia envolvida.
  • Investimento em pessoal capacitado para controle dos processos.
  • Limitação de tecnologia e suporte para o cultivo de determinados alimentos que ainda não são possíveis em sistemas verticais.
  • Diferença de valor comercial, em relação aos alimentos convencionais, dependendo da localização.
Apesar de menos comuns, a pecuária também tem exemplos de produção em fazendas verticais. É o caso da fazenda vertical mais alta do mundo para suínos, inaugurada na China no ano passado. O prédio tem 26 andares, fica na província de Hubei e iniciou a produção em setembro.

Fonte: Agevolution

Um ponto positivo que vale a pena ressaltar, é referente a possibilidade de instalação destas fazendas verticais, onde o solo não possibilita o cultivo adequado de hortaliças.
Neste contexto, áreas degradas, inférteis, ou com clima rigoroso, podem servir de base para instalação destas fazendas, já que o controle interno da área produtiva, é elaborado para sustentar o clima adequado internamente.
Dessa forma, a produção de alimentos pode ser levada para áreas críticas e regiões carentes, onde pode ser extremamente valiosa e decisiva na manutenção alimentar da população.
O aspecto de produção local de alimentos, também auxilia de forma bastante positiva, localidades onde anteriormente seria preciso deslocar veículos por longas distâncias para fazer o abastecimento.
Devido aos fortes pontos positivos destes sistemas verticais de produção de alimentos, é muito interessante que os grandes governantes estejam atentos e capacitados a compreender a sua importância para desenvolverem e apoiarem políticas públicas que considerem estas alternativas.
 

 

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1 comentário em “Fazendas verticais se multiplicam pelo mundo. Saiba mais sobre esta tendência.”

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