Por: Airton Noé Araujo da Silveira. ( Eng. Ambiental )
29/09/2022
Conforme o andamento do Projeto Conexão Mata Atlântica, coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), estão sendo desenvolvidos estudos sobre a biodiversidade no Corredor Sudeste da Mata Atlântica, observando o sequenciamento de DNA de exemplares da fauna local.
As amostras de DNA são coletadas de células contidas em materiais encontrados na mata, como por exemplo, em fezes, pelos, e restos de peles. Estes materiais biológicos, contém informações genéticas, que auxiliam os pesquisadores na identificação das espécies presentes na mata.
O sequenciamento genético é o processo de determinar a sequência de DNA de um genoma específico. É uma ferramenta muito poderosa nos campos da medicina e das ciências ambientais.
Este campo da genética moderna, foi revolucionado por desenvolver novas tecnologias de sequenciamento que podem gerar sequências muito mais longas do que as tecnologias mais antigas.
Essas novas tecnologias também são mais baratas e fáceis de usar do que os métodos mais antigos, o que levou à sua ampla adoção em laboratórios de pesquisa em todo o mundo.
A molécula de DNA é um polímero longo de fita dupla que carrega as instruções genéticas usadas no desenvolvimento e funcionamento de todos os organismos vivos conhecidos e muitos vírus. As duas fitas são compostas por quatro tipos de nucleotídeos – adenina (A), citosina (C), guanina (G) e timina (T).
A sequência dessas quatro letras de nucleotídeos ao longo de ambas as fitas determina a informação genética que um organismo herda de seus pais.
Através da utilização das informações obtidas com o sequenciamento de DNA das espécies, é possível fazer um mapeamento da fauna que está presente na mata, e também os que podem ter passado por lá, há algum tempo atrás.
O material genético pode ser coletado no solo do bioma Mata Atlântica, e também na água, conforme for possível obter as amostras.
Um ponto positivo desta pesquisa, é que as amostras de materiais biológicos, podem ser coletados, sem ter que caçar, ou capturar as espécies, podendo causar algum stress ou dano para os exemplares da fauna.
Este sistema de coleta de informações da fauna, considerando não ter o contato direto com os animais, além de ser mais amigável, é também mais rápido, do que o processo tradicional com captura.
As informações de sequenciamento genético da fauna, formaram uma espécie de banco de dados, que podem contribuir para futuras pesquisas, e demais projetos de preservação ambiental que podem ser voltados a esta região.
Através dos resultados desta pesquisa, se deseja também melhorar o monitoramento da região da Mata Atlântica, incluindo a bacia do rio Paraíba do Sul.
O estudo está em fase de seleção das áreas de amostragem.
Os procedimentos serão iniciados conforme o levantamento a ser realizado, em propriedades dentro da área prevista do projeto Conexão Mata Atlântica, que abrange aproximadamente 22 mil km², incluindo estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Locais nas proximidades desta região inicial do projeto, e reservas naturais, também são potenciais focos que podem ser inclusos no roteiro de áreas selecionadas para prosseguir com as pesquisas.
Existe uma previsão que amostras já sejam coletadas durante o mês outubro.
E o processo de extração de DNA das amostras, de água e de solo, estão previstas para acontecer no decorrer de novembro.
Conforme a organização do projeto, há uma estimativa de coletar mais que 1.000 amostras de água e solo, para extração de DNA.
Os seres vivos que serão focados inicialmente para coleta de material genético, são vertebrados, como por exemplo, peixes, aves, mamíferos, anfíbios. E também alguns invertebrados, como por exemplo os artrópodes.
Os processos de caracterização convencionais de espécies de fauna, necessitam muito tempo, e requerem pessoal especializado com alto conhecimento de diversidades biológicas que podem estar presentes na mata.
O mapeamento da biodiversidade com este modelo de sequenciamento de DNA ambiental, é uma técnica nova e bastante eficaz no inventário biológico.
Este estudo servirá para avaliar os processos de regeneração da fauna local, e gerar um possível balanço de como está a biodiversidade no restante da Mata Atlântica.
Considerando os dados obtidos com o estudo, é possível verificar alguns aspectos de restauração dos ecossistemas envolvidos nas áreas avaliadas.
Um banco de dados que relaciona algumas espécies, já está disponível no SIBBr, fornecendo uma lista de regiões potenciais que indicam espécies que são consideradas invasoras, bioindicadoras, ameaçadas e endêmicas.
Essas informações que serão resultantes desta pesquisa, também podem ajudar a compreender melhor a presença das interações dos seres vivos no meio ambiente. E pode servir também de base para argumentar possíveis políticas públicas, visando a preservação ambiental, e de espécies em risco.
Este projeto de sequenciamento genético ambiental, é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e tem parceria com institutos ambientais e de pesquisa, dos governos de São Paulo, Rio de Janeiro, e também de Minas Gerais.
Quem financia este projeto é o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A Finatec, que é a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos, é o órgão que executa os recursos do projeto Conexão Mata Atlântica.
Os dados obtidos com as amostras, resultaram em informações valiosas de sequências de DNA, que vão estar disponíveis no Sistema Brasileiro de Informações sobre Biodiversidade (SIBBr).
Fonte: www.gov.br
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