Por: Airton Noé Araujo da Silveira. (Eng. ambiental)
29/07/2023
Para pensarmos em um futuro mais sustentável, é muito importante começarmos a entender alguns fatores indispensáveis, como por exemplo a separação de resíduos sólidos.
Os resíduos sólidos, que são compostos por diversos materiais que são descartados de residências, indústrias, e entre outras milhares de atividades desenvolvidas na sociedade que geram resíduos, representam um considerável desafio de contexto ambiental.
Buscar a separação mais eficaz de resíduos, é uma estratégia muito importante e é fundamental nos sistemas de gestão de resíduos, pois promove a recuperação de recursos, reduzindo volumes de resíduos em aterros, e também colabora para minimizar os impactos negativos no meio ambiente e na saúde humana.
Entendendo melhor o que é a separação de resíduos sólidos
O processo de separação de resíduos sólidos envolve alguns procedimentos como a identificação e a categorização dos resíduos, considerando os vários e diferentes tipos de materiais que estão presentes em suas composições.
O objetivo principal é dividir os resíduos considerando principalmente a sua composição, e suas características como a reciclabilidade e potencial de tratamento e destinação correta.
As categorias típicas para uma separação mais básica considerando os resíduos sólidos, incluem resíduos orgânicos (restos de alimentos em geral), recicláveis (como papel, papelão, vidro e plásticos), não recicláveis (materiais contaminados), resíduos eletrônicos (como computadores, rádios, telefones), e resíduos perigosos (como pilhas, baterias, tintas, embalagens de agrotóxicos).
Como funciona a separação de resíduos sólidos
É importantíssimo incentivar os indivíduos e comunidades a separarem seus resíduos logo que sejam gerados, pois é a base de um procedimento que torna mais eficaz a separação dos resíduos.
Esse objetivo de separação dos resíduos em fase inicial, pode ser alcançado por meio de campanhas de educação ambiental buscando a conscientização das pessoas para tomarem iniciativas de terem em suas residências e empresas, lixeiras separadas para diferentes tipos de resíduos.
Isso ajuda a promover os comportamentos desejados que resultam no descarte responsável de resíduos.
Posteriormente, os serviços de coleta de resíduos desempenham então um papel que é fundamental que é a coleta desses materiais, para deslocamento até os pontos de destinação e reciclagem.
Atualmente há vários modelos de caminhões de coleta, tendo em vista que alguns são equipados com compartimentos separados, onde há a possibilidade para diferentes fluxos de resíduos, outros possuem apenas um compartimento para armazenagem, também temos alguns com braços mecânicos que erguem contêineres, entre outros modelos mais simples.
Nas localidades que existem centros de triagem de resíduos sólidos, estes materiais são separados e destinados conforme as suas características para venda, e o restante que não é reciclável, deve ser destinado para aterros sanitários ou cooprocessamento.
Os centros de triagem são locais importantíssimos para concluir uma boa destinação de resíduos, pois através da seleção e triagem mais específica, auxilia na separação mais eficiente de materiais buscando a melhor destinação possível.
Nestes locais, os materiais recicláveis como alguns tipos de vidro, papéis, metais, plásticos, papelão, entre outros, são separados e acondicionados para posterior encaminhamento para empresas que compram para processar e reciclar, na utilização da composição de novos itens.
Enquanto os materiais que não são recicláveis, e também os resíduos perigosos, serão direcionados para o descarte mais adequado, como por exemplo nos aterros sanitários.
Os resíduos orgânicos que são transportados para centros de triagem, podem ser direcionados para locais onde tenham processos de compostagem, para geração de adubo.
A separação adequada de resíduos sólidos, reduz consideravelmente o volume de resíduos que são enviados diariamente para aterros sanitários.
Desta forma, também há um aumento de vida útil dos aterros sanitários existentes, e é possível mitigar parte do potencial de contaminação de águas subterrâneas e também das emissões de gases de efeito estufa.
A importância de separar os resíduos sólidos
Ao implementar práticas mais eficientes de separação de resíduos, podemos minimizar diversos problemas, conservar recursos, e preservar o meio ambiente.
Porém para compreender melhor como isso ocorre, a seguir vamos observar alguns tópicos que exemplificam estes aspectos.
Conservação de valiosos recursos
A separação de materiais recicláveis, promove a recuperação de recursos que são muito valiosos, pois reduz a necessidade de extração de parte das matérias-primas.
Redução da poluição ambiental
Quando os resíduos são devidamente separados e destinados, há uma diminuição considerável de possibilidades de ocorrerem contaminações de muitos ambientes, onde estes resíduos poderiam ser depositados ou abandonados de forma irregular.
Economia de energia e melhores custos
Alguns processos de reciclagem, requerem menos energia do que a fabricação de certos produtos a partir de matérias-primas virgens, e isso também reflete em menores gastos com a compra de matérias primas mais caras.
Redução de emissões atmosféricas
O aproveitamento de resíduos para a reciclagem, também colabora levando à redução das emissões de gases de efeito estufa, conforme ocorre a redução de atividades com queima de combustíveis fósseis que são necessários para a extração de minérios, que são utilizados como matérias primas para a fabricação de diversos materiais.
Benefícios econômicos e sociais
O sistema de reciclagem eficaz, promove a criação de várias vagas de empregos nos setores de reciclagem e gerenciamento de resíduos, e contribui para as economias locais.
Preservação de fauna e flora
Quando destinamos adequadamente os nossos resíduos, evitamos que estes materiais possam ser abandonados no meio ambiente de forma irregular, o que pode matar vários animais por meio de contaminação do solo e da água, ou em situações que tentem se alimentar com materiais que não podem ser digeridos. A vegetação também pode sofrer consideráveis perdas em função de vários tipos de resíduos que podem ser contaminantes ao meio ambiente.
Produção de adubo orgânico
Processos de destinação de resíduos orgânicos, que são direcionados a compostagem, gera adubo que é rico em nutrientes que podem ser empregados em vários tipos de cultivos de vegetais.
Legislação
Conforme a legislação brasileira referente aos resíduos sólidos, temos orientações por meio da norma ABNT NBR 10004.
Esta é uma norma técnica brasileira que estabelece alguns critérios e procedimentos para a classificação dos resíduos sólidos, com base em suas características e os potenciais impactos ambientais que podem ocorrer ligados a estes.
O sistema de classificação é indispensável na construção de estratégias mais adequadas de gestão de resíduos e processos de destinação correta.
A classificação dos resíduos sólidos no Brasil, considerando a ABNT NBR 10004, é baseada principalmente em dois critérios principais, que são referentes à origem e suas periculosidades.
Classificação por Origem:
a) Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): Incluem-se nesta categoria os resíduos gerados em domicílios, estabelecimentos comerciais e de serviços, varrição de ruas e outras afins em áreas urbanas.
b) Resíduos Sólidos Industriais (Resíduos Sólidos Industriais – RSI): RSI compreende os resíduos gerados por processos industriais e atividades fabris. Essa categoria pode ainda ser dividida em subcategorias específicas, como resíduos orgânicos do processamento de alimentos, metais, produtos químicos e outros, para auxiliar no gerenciamento eficiente de resíduos.
c) Resíduos de Serviços de Saúde (RSS): RSS refere-se aos resíduos gerados em estabelecimentos de saúde, incluindo resíduos infecciosos, perfurocortantes e farmacêuticos. Requer manejo e tratamento especial devido ao seu potencial transmissor de doenças.
d) Resíduos de Construção e Demolição (Resíduos da Construção Civil e Demolição – RCC): Esta categoria inclui resíduos de atividades de construção, reforma e demolição. Compreende materiais como concreto, tijolos, madeira, metais e outros detritos.
e) Resíduos Especiais (Resíduos Especiais): Os resíduos especiais abrangem os resíduos que não se enquadram nas categorias acima e requerem métodos específicos de manuseio, tratamento e disposição. Exemplos incluem resíduos eletrônicos (e-waste), resíduos automotivos e resíduos de atividades agrícolas e de mineração.
Classificação por perigosidade:
Classe I – Resíduos Perigosos (Classe I – Resíduos Perigosos): Nesta classe estão incluídos os resíduos que apresentam riscos significativos à saúde humana e ao meio ambiente devido às suas propriedades químicas, físicas ou biológicas. Requer manuseio, tratamento e descarte especiais. Exemplos incluem certos produtos químicos, pesticidas e resíduos infecciosos.
Classe II – Resíduos Não Perigosos (Classe II – Resíduos Não Perigosos): Os resíduos Classe II não apresentam características perigosas, mas ainda podem exigir métodos específicos de gerenciamento e disposição para evitar danos ao meio ambiente. Esta categoria inclui a maior parte dos resíduos gerados nas atividades cotidianas, como resíduos orgânicos, papel, plástico e vidro.
Classe IIA – Resíduos Inertes (Classe IIA – Resíduos Inertes): Esta subclasse é composta por resíduos não perigosos que não sofrem transformações físicas, químicas ou biológicas significativas. Resíduos inertes não causam poluição ambiental e podem ser descartados com segurança em aterros sanitários específicos.
Classe IIB – Resíduos Não Inertes (Classe IIB – Resíduos Não Inertes): Esta subclasse compreende os resíduos não perigosos que não se enquadram nos critérios de resíduos inertes. Pode incluir materiais que podem causar poluição ou danos se não forem geridos de forma adequada.
Fonte: ABNT