Conheça a produção de frutas no sistema agrofloresta, em uma propriedade no interior de Santa Cruz do Sul.

Por: Sibéli Tatiane Hansel (Graduanda em Nutrição)

18/04/24

No interior de Santa Cruz do Sul – RS, na Estrada Linha São Martinho, em Monte Alverne, podemos encontrar a propriedade de Perci Frantz, que cultiva frutas neste local há mais de 14 anos, seguindo os princípios do cultivo agroecológico.
Em função de participar de uma saída de campo 15/04/24, organizada pelos gestores do curso de nutrição da Unisc, Universidade de Santa Cruz do Sul, foi possível conhecer a propriedade de Perci, que produz frutas como, por exemplo, mangas, bananas, laranjas, bergamotas, entre outras, sem utilizar agrotóxicos e aproveitando também o adubo gerado na sua própria propriedade por meio da compostagem. 

Figura: Pomar na propriedade de Perci.

Fonte: Sibéli T. Hansel.

Os pomares cultivados em sua propriedade, seguem intercalando diferentes espécies frutíferas, buscando preservar alguns aspectos comuns de matas nativas e agroflorestas, e ajudando a manter um certo equilíbrio da vegetação e da fauna local. 
A parte mais alta da propriedade está localizada a mais de 400 metros do nível do mar, e a vegetação presente é a típica da Mata Atlântica.

Figura: Pomares no sistema de agrofloresta, e vegetação da Mata Atlântica.

Fonte: Sibéli T. Hansel.

Perci destaca que o clima e o solo da propriedade favorecem o cultivo da produção de bananas no local. Ele também segue os princípios de colheita da banana, retirando o cacho após o início do amadurecimento de algumas frutas deste conjunto, pois assim ele consegue obter as frutas mais doces observando o momento certo de colheita.
O produtor também destaca que um aspecto que ajuda bastante a promover a geração de um composto orgânico de qualidade em sua propriedade, é a presença de gongolos, (Trigoniulus corallinus), também conhecidos popularmente como piolho-de-cobra.
O produtor reconhece a importância deste invertebrado na produção de húmus, e destaca também que conhece alguns estudos desenvolvidos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Embrapa, sobre o potencial dos gongolos na produção de adubo natural.

Figura: Trigoniulus corallinus

Fonte: Sibéli T. Hansel.

Gongolô – “Animal invertebrado pertencente ao filo Arthropoda e a classe Diplopodae. Apresenta corpo cilíndrico e com dois pares de patas por segmento. Vivem sob folhas, pedras e troncos, de modo a evitar a luz. Alimentam-se de matéria morta animal e principalmente vegetal. Enrolam-se em espiral se perturbados.”

Fonte: http://www.biologia.seed.pr.gov.br/

A produção de compostagem na propriedade, é feita de forma que segue o mais próximo possível do que acontece naturalmente, com o acúmulo do material orgânico, proveniente de podas e derrubada de bananeiras que já produziram, em fileiras distribuídas no próprio pomar cultivado. 
Aí nestes acúmulos de materiais orgânicos, se desenvolvem os gongolôs que desempenham o seu importante papel de recicladores destes materiais. O resultado da ação destes invertebrados, é a geração de um ótimo adubo orgânico.
A propriedade de Perci possui uma certificação no SEMA, (Secretaria do Meio Ambiente e infraestrutura do Estado do Rio Grande do Sul), para práticas de manejo de agrofloresta, e atualmente tem a sua atividade principal focada na lavoura de manga. 
Perci conta também que o seu maior desafio até o momento, foi produzir manga no sistema de agrofloresta, em função que as mangueiras necessitam de muita luz solar para produzir. 

Figura: Sistema de compostagem típico de agrofloresta, sem efetuar a remoção dos resíduos orgânicos locais, aproveitando para efetuar a adubação direta do pomar.

Fonte: Sibéli T. Hansel.

No decorrer da implantação da agrofloresta com mangueiras intercaladas com árvores de mata nativa, Perci conta que notou várias vantagens que ajudaram na produção de mangas, como, por exemplo, outras árvores nativas ajudaram a proteger as frutas em períodos de ventos fortes, evitando também a queima dos frutos em função de geadas no inverno ou excesso de luz solar no verão.
Em conversa na ocasião da visita em sua propriedade, Perci também destaca a importância do sistema agroecológico para a produção de alimentos saudáveis que colaboram diretamente com a saúde das pessoas, por não conter agrotóxicos. 

Figura: Perci Frantz e um de seus pomares no sistema de agrofloresta.

Fonte: Sibéli T. Hansel.

Visitando propriedades como a de Perci Frantz, podemos ver na prática que é possível desenvolver um sistema mais sustentável e menos agressivo, na produção de frutas orgânicas, levando em conta a implantação do sistema de agrofloresta.
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