Por UNEP
17/07/2021
Líder mundial em sustentabilidade, o país da América Central elaborou um plano detalhado para descarbonizar sua economia até 2050, indo de encontro com as diretrizes do Acordo Climático de Paris e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A nação espera ainda servir de modelo para que outros países reduzam as emissões que causam a rápida e desastrosa mudança climática.
O sucesso da Costa Rica colocando suas preocupações ambientais no centro de suas políticas é a prova de que a sustentabilidade é economicamente viável.
“A Costa Rica tem sido pioneira na proteção da paz e da natureza e é também um exemplo para toda sua região e para o mundo”, disse Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
A Costa Rica recebeu o prêmio Campeões da Terra de 2019, o maior prêmio ambiental da ONU, por seu papel na proteção da natureza e seu compromisso com políticas ambiciosas para o combate da mudança climática.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) reconheceu a Costa Rica na categoria de Liderança Política.
“A mudança climática exige ação urgente e transformadora de todos. Com seus planos ambiciosos para descarbonizar a economia, a Costa Rica está enfrentando esse desafio. As emissões globais estão atingindo níveis recordes e devemos agir agora e avançar para economias mais limpas e resilientes”, acrescentou.
A necessidade de uma ação global urgente sobre mudanças climáticas será salientada na Cúpula das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, realizada em Nova Iorque no dia 23 de setembro. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, pediu aos líderes mundiais, empresas e sociedade civil para irem à Cúpula com ideias concretas sobre como reduzir as emissões em até 45% na próxima década e zerar as emissões até 2050, em alinhamento com o Acordo Climático de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O Plano Nacional de Descarbonização da Costa Rica foi divulgado em fevereiro e inclui metas ousadas de médio e longo prazo para reformar o transporte, a energia, os resíduos e o uso da terra. O objetivo é alcançar emissões líquidas zero até 2050, o que significa que o país não produzirá mais emissões do que aquelas que pode compensar por meio de ações como a manutenção e expansão de suas florestas.
Mais de 98% da energia da Costa Rica é renovável e a cobertura florestal está em mais de 53% após um meticuloso trabalho para reverter décadas de desmatamento. Em 2017, o país bateu um recorde de 300 dias apenas com energia renovável. O objetivo é atingir 100% de eletricidade renovável até 2030. Espera-se que 70% de todos os ônibus e táxis do país sejam elétricos até 2030, com total eletrificação projetada para 2050.
O papel inovador da Costa Rica na promoção de tecnologias limpas e sustentabilidade é ainda mais notável pelo fato de que o país de cerca de 5 milhões de pessoas produz apenas 0,02%* das emissões globais.
“Receber o prêmio Campeões da Terra em nome da Costa Rica, de toda sua população, das gerações passadas que protegeram o meio ambiente e das gerações futuras, me enche de orgulho e emoção pelo que a Costa Rica alcançou e pelo que podemos continuar fazendo. Podemos alcançar ainda mais. Me sinto muito orgulhoso de ser costarriquenho”, disse o presidente Carlos Alvarado Quesada.
“Cerca de 50 anos atrás, o país começou a avançar uma série de políticas ambientais inovadoras porque o paradigma do desenvolvimento sustentável está muito presente no DNA dos costarriquenhos. O plano de descarbonização consiste em manter uma curva ascendente em termos de crescimento econômico do emprego e, ao mesmo tempo, gerar uma curva descendente no uso de combustíveis fósseis, a fim de parar de poluir. Como vamos conseguir isso? Por meio de transportes públicos limpos, cidades inteligentes e resilientes, gestão de resíduos; agricultura sustentável e melhor logística”, disse ele.
O Prêmio Campeões da Terra reconhece as credenciais sustentáveis da Costa Rica e também destaca a necessidade urgente de encontrar soluções para a mudança climática. No ano passado, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas descobriu que limitar o aquecimento global a 1,5 ° C exigiria mudanças sem precedentes para reduzir as emissões de carbono em 45% em relação aos níveis de 2010 até 2030, atingindo a neutralidade de emissões por volta de 2050.
Campeões da Terra é o principal prêmio ambiental global das Nações Unidas. Foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em 2005 para homenagear indivíduos de destaque cujas ações tiveram impacto positivo e transformador para o meio ambiente. De defensores ambientais a desenvolvedores de tecnologia, estas pessoas estão fazendo a diferença na proteção do nosso planeta para as próximas gerações.
A Costa Rica está entre os cinco Campeões da Terra este ano. As outras categorias são Liderança Política, Visão Empreendedora e Ciência e Inovação. Os vencedores de 2019 serão homenageados durante a 74ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em 26 de setembro de 2019, em Nova York. Também serão homenageados no evento sete jovens empreendedores entre 18 e 30 anos, com soluções ambientais, que levarão para casa o cobiçado prêmio Jovens Campeões da Terra.
Os vencedores anteriores da região incluem Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, por sua excelente liderança na criação de áreas marinhas protegidas e no impulso às energias renováveis (2017), Izabella Teixeira, ex-ministra brasileira do Meio Ambiente por sua liderança visionária e papel fundamental na reversão do desmatamento da Amazônia (2013), e José Sarukhán Kermez, ecologista mexicano, por uma vida de liderança e inovação na conservação da biodiversidade no México e no mundo (2016).
Fonte: Unep.org