Por: Airton Noé A. da Silveira. (Eng. ambiental)
08/08/24
As bombas de sementes são resultantes de uma técnica de reflorestamento voltada à recuperação ambiental, que consiste em encapsular sementes no interior de uma mistura de argila e compostos orgânicos, formando pequenas bolas.
Essa técnica é utilizada para plantar sementes de uma forma mais prática, especialmente em locais de difícil acesso ou onde o solo está degradado.
“As bombas de sementes, criadas pelo agricultor e microbiólogo japonês Masanobu Fukuoka na década de 1970, podem ser lançadas em locais abandonados ou desmatados.”
Fonte: Revista crescer
Como são criadas as bombas de sementes
Materiais necessários:
Sementes: Podem ser de arbustos, árvores, gramíneas ou flores que sejam nativas da região onde serão lançadas.
Argila: Serve como uma camada de proteção para as sementes, contra predadores e a ação do sol, até acontecer o processo de germinação.
Composto orgânico: Serve para fornecer os nutrientes necessários para a germinação das sementes.
Água: É necessário para promover a consistência adequada à mistura.
Passos de confecção:
Mistura dos ingredientes: Inicie pela mistura da argila com o composto orgânico, em uma proporção aproximada de 5 de argila, para 1 de composto.
Colocação de água: É importante adicionar a água aos poucos, para proporcionar que a mistura alcance uma consistência maleável, semelhante à massinha de modelar.
Introdução das sementes: As sementes devem ser incorporadas à mistura, observando uma distribuição uniformemente.
Formato das bombas: A mistura pode ser modelada de forma que se crie pequenas bolas, que podem ser em tamanhos semelhantes a de uma bola de gude, considerando sementes de pequeno porte. Observando tamanhos maiores de sementes, é importante aumentar a proporção da bola, para que as sementes não fiquem expostas ou com pouca proteção e suporte.
Processo de secagem: É preciso deixar as bolas resultantes secarem ao sol fraco ou na sombra, por aproximadamente 48 horas, observando até que estejam completamente duras.
O objetivo das bombas de sementes
O principal objetivo da criação das bombas de sementes, é proporcionar uma alternativa mais fácil para o plantio de vegetação em áreas que necessitam de recuperação ambiental como, por exemplo, em áreas desmatadas, encostas íngremes e degradadas ou áreas de difícil acesso.
A massa que envolve e forma estas bolas, serve para proteger as sementes contra condições climáticas adversas e também contra alguns predadores, aumentando desta forma as chances de germinação das novas plantas.
As bombas de sementes são parte de uma solução sustentável e inovadora que auxilia na restauração de ecossistemas, e ajuda na promoção da biodiversidade e no combate à degradação ambiental.
Tipos de confecção de bombas de sementes
Formato mais tradicional: É utilizado argila juntamente com o composto orgânico, e é uma das técnicas mais comuns e fáceis de fazer.
Com adição de papel reciclado: Neste outro método, se coloca papel reciclado triturado e misturado com água, no lugar da argila. As sementes são introduzidas na pasta resultante moldada em bolas, e depois são secas como no processo tradicional.
Com nutrientes auxiliares: Neste outro método, além da argila e do composto orgânico, ocorre a adição de fertilizantes naturais, como o esterco ou farinha de ossos, que auxilia no fornecimento de nutrientes extras às sementes.
Com fibras naturais: Neste caso, é incorporado fibras naturais, como as de coco ou juta, misturadas com as sementes e compostos, formando um objeto biodegradável que também melhora a retenção de umidade.
A quantidade de sementes por bomba de sementes pode variar dependendo do tamanho e das necessidades específicas de germinação de cada espécie de árvore. Aqui estão alguns exemplos de quantidades recomendadas para algumas espécies nativas do Brasil:
Ipê-amarelo (Handroanthus albus)
Quantidade de sementes por bomba: 2-3 sementes
Observação: As sementes de ipê-amarelo são leves e pequenas, por isso é possível colocar algumas sementes em cada bomba para aumentar a taxa de sucesso.
Aroeira (Schinus terebinthifolia)
Quantidade de sementes por bomba: 3-5 sementes
Observação: As sementes da aroeira são pequenas e geralmente germinam bem em grupos.
Pau-brasil (Paubrasilia echinata)
Quantidade de sementes por bomba: 1-2 sementes
Observação: As sementes do pau-brasil são maiores e precisam de espaço para germinar, por isso, é recomendável usar menos sementes por bomba.
Copaíba (Copaifera langsdorffii)
Quantidade de sementes por bomba: 1 semente
Observação: As sementes de copaíba são grandes e necessitam de espaço, portanto, é melhor usar uma semente por bomba.
Jatobá (Hymenaea courbaril)
Quantidade de sementes por bomba: 1 semente
Observação: Similar à copaíba, as sementes de jatobá são grandes e devem ser plantadas individualmente.
Pitanga (Eugenia uniflora)
Quantidade de sementes por bomba: 1-2 sementes
Observação: As sementes de pitanga são de tamanho médio, e usar 1 ou 2 sementes por bomba pode ser eficaz.
Pau-ferro (Libidibia ferrea)
Quantidade de sementes por bomba: 1-2 sementes
Observação: As sementes do pau-ferro são relativamente grandes e devem ser plantadas com cuidado para garantir espaço suficiente para a germinação.
Cuidados necessários para a utilizar bombas de sementes
Escolher sementes adequadas: É importante utilizar sementes de espécies nativas da região escolhida, visando garantir a melhor adaptação ao ambiente e evitar também a introdução de espécies invasoras.
Época do ano: É necessário observar as épocas do ano mais adequadas, para realizar a aplicação das bombas de sementes, de forma que favoreça desejado como, por exemplo, no início da estação chuvosa, visando garantir que as sementes recebam quantidades necessárias de umidade para dar início ao processo de germinação.
Locais adequados: Procure escolher os locais mais apropriados para efetuar o lançamento das bombas de sementes, evitando áreas com muita sombra, solo muito compactado, ou áreas alagadas. De preferência para áreas degradadas e que precisam de cobertura vegetal.
Quantidades adequadas de sementes: Utilize quantidades corretas de sementes por bomba, evitando desta forma a competição excessiva entre as plantas, e também favorecendo uma boa taxa de germinação.
Manutenção inicial: Para locais onde é possível, é interessante realizar o monitoramento da área visando garantir que a germinando e o crescendo da maior parcela possível de sementes. Eventualmente, pode ser necessário regar ou proteger as mudas jovens contra predadores.
Espaço adequado: Considere sempre o espaço necessário e adequado para que as sementes germinem e se desenvolvam, levando em conta as espécies escolhidas e o distanciamento aproximado para evitar a competição inadequada entre as plantas.
Proteção: No momento de encapsular as sementes na mistura de argila e composto, certifique-se de que elas estão bem distribuídas e protegidas.
Biodiversidade: Para melhorar a biodiversidade e a resiliência do ecossistema, é necessário misturar diferentes espécies de sementes em uma mesma área para uma cobertura vegetal diversificada, respeitando as quantidades adequadas por bomba.
Vantagens das bombas de sementes
Facilidade para o plantio: Este método permite o plantio em locais de difícil acesso, onde métodos tradicionais seriam mais complicados ou inviáveis.
Proteção das sementes: A mistura de argila e o composto orgânico ajuda a proteger as sementes de predadores e condições adversas, aumentando a taxa de germinação.
Baixo custo: É uma técnica relativamente acessível, pois utiliza materiais simples e baratos.
Rapidez no processo: Permite o plantio de generosas quantidades de sementes em pouco tempo, acelerando o processo de reflorestamento.
Engajamento comunitário: As bombas de sementes podem ser utilizadas por cidadãos de comunidades locais em atividades de reflorestamento, promovendo a educação ambiental em processos de conscientização.
Desvantagens das Bombas de Sementes
Taxa de germinação variável: A taxa de germinação e crescimento das plantas pode ser baixa dependendo das condições do solo e do clima.
Necessidade de condições favoráveis: As bombas de sementes precisam de algumas condições adequadas de umidade para que as sementes germinem, o que pode não ser garantido em todas as épocas do ano ou em determinadas regiões.
Limitação no controle e acompanhamento: Em determinados locais, pode ocorrer a dificuldade de controle sobre a distribuição das plantas, promovendo a competição inadequada entre espécies, o que pode resultar em um crescimento desigual.
Predação pós-germinação: Mesmo que as sementes estejam protegidas na fase inicial, as mudas jovens podem ser vítimas de herbívoros.
Potencial de disseminar espécies invasoras: Se não houver o conhecimento necessário para a região a reflorestar, pode haver o risco de introdução de espécies invasoras que podem alterar o ecossistema local.
O método de criar as bombas de sementes, é uma alternativa muito útil e prática para promover a recuperação ambiental, porém exige planejamento e a adoção de alguns cuidados específicos para garantir o máximo de seus benefícios, minimizar possíveis riscos e situações indesejadas.
Fontes: CCVFloresta / Revista Crescer
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