Carvão mineral – Alto poder energético e alto poder poluidor. Até quando ele será necessário?

Por: Airton Noé Araujo da Silveira. (Eng. Ambiental)

25/10/2022

O carvão mineral teve sua origem em função da decomposição de matérias orgânicas que foram acumuladas a muitos anos atrás, onde se depositaram em locais que posteriormente sofreram situações de soterramento.
Após ocorrer o soterramento com minerais, sobre o material orgânico depositado, ocorreu então uma ação resultante no local, com a combinação de bactérias, temperaturas específicas, e pressão. Gerando assim as condições que serviram de base para surgir o carvão ao longo do tempo.
O carvão mineral tem em sua composição, principalmente a presença de carbono, e posteriormente encontramos enxofre, nitrogênio, oxigênio e também hidrogênio.
O carvão mineral possui um alto poder calorífico, e por isso ele é um combustível que foi muito explorado desde a época da revolução industrial.
Porém, por se tratar de um recurso não renovável, a tendência de utilização do carvão na matriz energética global, tende a diminuir gradualmente, até sessar por completa a sua utilização.
Somente o avanço da implantação e expansão de tecnologias e fontes de energias limpas, pode auxiliar para que não se precise mais utilizar fontes energéticas poluentes e não renováveis.
No Brasil, o carvão mineral ainda é utilizado para abastecer termelétricas, usinas siderúrgicas e fundições.
Atualmente, a extração de carvão se concentra nos estados do Rio Grande do Sul, com cerca de 89% das reservas e o município de Candiota em destaque, e Santa Catarina, com 9%, em especial na região de Criciúma. Há, ainda, uma atividade menor no Paraná.
Fonte: CNN
Em agosto deste ano na Europa, a Alemanha foi forçada a religar 2 usinas geradoras de energia, a base de carvão, em função de problemas de abastecimento de gás natural, em consequência do conflito que se estende entre Rússia e Ucrânia.
A Alemanha tinha fechado estas usinas a carvão, fazia 2 anos, e tem previsão de religar outras que também foram fechadas para colaborar com o atendimento da agenda global pelo clima.
Outros países da Europa, também estão avaliando religarem usinas a carvão para contornar o problema energético nesta época de conflito.
Neste contexto, de conflitos e falta de paz entre países, é extremamente prejudicial para que seja possível avançar com as metas de diminuição das emissões de poluentes, que todos os governantes conhecem, e muitos se comprometeram em buscar meios mais sustentáveis de seguir em frente. 
Somente com boas políticas públicas, paz e incentivo a ampliação do uso de energias renováveis, será possível diminuir o tempo que ainda será necessário a exploração das jazidas de carvão existentes. 
Combustível fóssil cujo uso remonta aos primórdios da Revolução Industrial, há mais de 200 anos, o carvão mineral é a mais suja das opções para gerar energia. De acordo com a Agência Internacional de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), o CO2 emitido pela combustão do carvão foi responsável pelo aumento de 0,3 grau na temperatura média global desde os níveis pré-industriais –  no geral, estima-se que o planeta já tenha aquecido 1 grau desde então.
Fonte: Veja

Impactos ligados ao consumo de carvão

 

No meio ambiente
O carvão mineral é um grande agente poluidor, desde o seu processo de extração, até o seu uso final.
As minas de extração, servem como pontos de geração de poeira preta que é emitida para a atmosfera, e pode ser carregada pelo vento para diversos e distantes ambientes, prejudicando a qualidade do ar.
A poeira do carvão contamina a vegetação local, e a camada depositada sobre as plantas, pode prejudicar o crescimento destas por dificultar a fotossíntese.
Os animais que residem próximos a minas de carvão, podem sofrer com problemas respiratórios com a presença da poeira, assim como acontece com os humanos.
A presença de contaminantes em determinados ambientes, também pode representar ambientes inapropriados para a reprodução de certas espécies, e assim também influencia na biodiversidade local.
 
No solo
Resíduos de carvão mineral, também alteram a qualidade do solo, em determinadas quantidades, e podem dificultar a reprodução de determinadas espécies vegetais, diminuindo a diversidade da flora do ambiente afetado.
Os locais de extração do carvão, se tornam degradados em função das escavações e processamentos minerais no local, e acaba gerando ambientes com passivos ambientais, que necessitam posteriormente de processos de mitigação e recuperação.
As escavações também facilitam processos de erosão nas proximidades das minas, em função da degradação vegetal do entorno, que foi prejudicada com a poluição.
 
No clima
A queima do carvão mineral, libera na atmosfera diversos poluentes extremamente prejudiciais ao clima global.
Está ligado diretamente ao processo de efeito estufa, e é considerado um dos maiores vilões das mudanças climáticas.
Os combustíveis fósseis são o carvão mineral, os derivados de petróleo (como a gasolina e o óleo diesel) e o gás natural. Os principais GEE (gases de efeito estufa) emitidos na queima desses combustíveis são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o vapor de água (H2O). O CO2, também chamado de gás carbônico, é o GEE mais relevante, por estar em maior volume nessas emissões.
Fonte: EPE
Na água
Quando os resíduos de mineração de carvão, entram em contato com rios e córregos, colaboram para a poluição da água, prejudicando a sua qualidade, aumentando a sua turbidez, e as quantidades de elementos químicos presentes no meio aquático.
Pode prejudicar toda a fauna e flora aquática, diminuindo drasticamente a biodiversidade local.
Animais terrestres, que utilizam desta água de rios e córregos contaminados com poeira de carvão, também podem ter a sua saúde prejudicada, dependendo da frequência e das quantidades de água contaminada que está sendo ingerida.
 
Na saúde
Os problemas mais comuns para a nossa saúde, causados pela queima do carvão, é referente a geração de problemas respiratórios, como bronquites, asma, infecções respiratórias e alergias.
As partículas de poeira de carvão, que ficam suspensas no ar, carregam também dióxido de enxofre, monóxido e dióxido de carbono e óxidos de nitrogénio. Estes elementos químicos em contato com as vias respiratória, interagem negativamente em nossos organismos.
A poluição sonora gerada pelas detonações em minas de carvão, também pode representar prejuízos à saúde auditiva da comunidade local, além de espantar boa parte da fauna na região.
O acúmulo de poeira de carvão, no sistema respiratório dos trabalhadores de fundições e siderúrgicas, também representa o surgimento de muitas doenças devido ao acúmulo de material particulado e contaminantes que se depositam nos organismos expostos.
O aparecimento de doenças nos trabalhadores expostos a estas altas cargas de poeira de carvão, surgem conforme a tolerância de cada pessoa.
Alimentos contaminados com poeira de carvão, que são de origem de plantações e hortas próximas a pontos geradores de poluição, também são veículos de material contaminado a ser introduzido nos organismos de pessoas que podem ter seus aparelhos digestivos afetados.
Alguns organismos são mais resistentes e outros não, e esta relação está ligada diretamente ao tempo que cada pessoa exposta, terá com saúde, ou não.
Por isso, o melhor a fazer para preservar a saúde, é evitar os locais contaminados e geradores da poluição emitida em função do uso do carvão.
 
 
 
 
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