Entenda o que representa o dia mais quente já registrado, considerando causas, efeitos e ações de combate ao aquecimento global.

Por: Airton Noé Araujo da Silveira. (Eng. ambiental)

09/07/2023

O que representa o dia mais quente já registrado

 
Neste mês podemos observar um marco sombrio e preocupante, que é o reflexo sobre o dia do recorde global de temperatura já registrado.
No dia em que tivemos a maior média de temperatura global já registrada, 17ºC, o mundo pôde ver uma alarmante situação que acabou repercutindo em muitas comunidades científicas, também em círculos ambientais e na sociedade em geral. 
A temperatura média global atingiu um novo recorde na segunda-feira (03/07), chegando a 17ºC pela primeira vez.
Pesquisadores americanos disseram que o valor é o mais alto desde que o monitoramento por satélite começou, em 1979, e possivelmente desde que há registros por instrumentos mais antigos, desde o final do século 19.
Fonte: BBC
A temperatura global mais alta já registrada, revela que os impactos que a Terra vem sofrendo,  estão se agregando cada vez nas mudanças climáticas. 
Importantes registros meteorológicos, que são meticulosamente mantidos por organizações de monitoramento climático em todo o mundo, acabaram revelando um pico de temperatura, que representa um marco sem precedentes na história do nosso planeta. 
Este importante dia, simboliza um conjunto de fatores ambientais que sofrem muitas influências induzidas pelo homem, e que estão ressaltando a urgente necessidade de enfrentar a crise climática atual.
Estas temperaturas globais mais altas que estão sendo registradas, representam um testemunho de informações que representam o ritmo acelerado em que nosso clima está mudando. 
A tendência de aquecimento observada, serve como uma indicação bastante clara, de que os diversos sistemas naturais da Terra estão em desequilíbrio.
O aumento das temperaturas globais, amplia as preocupações levantadas pelos modelos científicos, e demonstra de forma prática, que as mudanças climáticas não são um conceito distante e abstrato, mas sim, uma realidade com consequências imediatas e atuais.
Estas ondas de calor que estão sendo registradas, estão se tornando cada vez mais longas, mais frequentes e mais severas, representando assim, enormes riscos à saúde humana, e aos mais diversos ecossistemas.
O sul dos EUA tem sofrido com uma intensa onda de calor nas últimas semanas. Na China, as temperaturas ficaram acima de 35°C. O norte da África registrou temperaturas próximas a 50°C.
Fonte: CNN
Este desequilíbrio, está ligado a perturbações mais amplas nos padrões climáticos, incluindo precipitações alteradas, secas mais prolongadas e também no aumento da incidência de incêndios florestais. 
Essas mudanças têm impactos de longo alcance na agricultura, nos recursos hídricos e também em comunidades mais vulneráveis.
Este desequilíbrio ecológico, causado pelo aumento das temperaturas, representa uma forte ameaça à biodiversidade e ao delicado equilíbrio entre os ecossistemas.
Essa leitura histórica de temperatura, serve como um apelo demonstrando a urgência de tomada de ações urgentes de nações, comunidades, empresas e indivíduos, para que priorizem práticas mais sustentáveis.

Causas do aumento da temperatura global

 
À medida que a comunidade global lida com as questões das mudanças climáticas, a compreensão dos principais fatores que impactam no aumento da temperatura global, torna-se fundamental para tomadas de decisões.
A seguir veremos alguns contextos, que promovem o aumento das temperaturas globais.
 
Emissão de gases de efeito estufa
Em destaque, temos o aumento da temperatura global, ocorrendo em função das emissões de gases de efeito estufa, que são induzidas por atividades humanas. 
A queima de combustíveis fósseis, como o carvão, o petróleo, e o gás natural, que são usados para a produção de energia, acabam liberando quantidades muito significativas de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), na atmosfera. 
Esses gases de efeito estufa colaboram para reter o calor do sol na Terra, e levam a um fenômeno que conhecemos como o efeito estufa.
 
Desmatamento
A destruição de florestas, principalmente para fins agrícolas, agrava a situação do aquecimento global. 
As árvores que servem como sumidouros de carbono, pois absorvem CO2 da atmosfera por meio da fotossíntese, acabam deixando de colaborar com esta questão, conforme vão deixando de existir.
O desmatamento além de interromper o processo natural de captação de CO2, acaba liberando grandes quantidades de carbono na atmosfera que estavam retidos nestes vegetais. 
 
Mudança de uso de terras em grandes escalas
Quando a terra é devastada em larga escala, e sofre mudanças para sistemas agrícolas ou de urbanização, acontece a contribuição ampliada para mais fatores que contribuem para a  liberação de gases de efeito estufa. 
Áreas que antes seriam para captação de CO2, se voltam para a geração de gás metano e CO2, como por exemplo, com o contexto de apodrecimento da vegetação original, anteriormente derrubada.
 
Industrialização e produção de energia
A industrialização representa uma demanda crescente por energia que impulsionaram a queima de combustíveis fósseis para alimentar fábricas e gerar eletricidade. 
As indústrias também têm o potencial de emitir grandes quantidades de gases de efeito estufa, incluindo dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, conforme alguns de seus processos de fabricação. 
A significativa dependência do setor industrial, por energia de combustíveis fósseis, continua sendo um significativo fator que influencia para o aumento da temperatura global.
 
Práticas agrícolas insustentáveis
A agricultura, que é essencial para a produção de alimentos, infelizmente também tem seu papel na contribuição para o aquecimento global, por meio de várias práticas que não são sustentáveis, como no uso de fertilizantes sintéticos e certas técnicas agrícolas, que liberam óxido nitroso, que é um potente gás de efeito estufa.
O setor pecuário, também libera emissões significativas de metano durante a fermentação entérica e no manejo de esterco. 
Práticas agrícolas mais sustentáveis, como a agricultura de precisão, gerenciamento de resíduos, e sistemas agroflorestais, podem mitigar essas emissões.
 
Resíduos industriais e residenciais
A gestão inadequada de resíduos em áreas urbanas, pode contribuir com a liberação de gases de efeito estufa. 
Os aterros sanitários tem alto poder de geração de metano à medida que os resíduos orgânicos se decompõem anaeróbicamente. 
A incineração de resíduos sem os controles necessários, também pode promover a liberação de grandes cargas de CO2 e outros poluentes na atmosfera. 

Efeitos do aquecimento global

 
 
O aumento das temperaturas globais está desencadeando um conjunto de mudanças ambientais, que geram consequências de longo alcance e com efeitos a longo prazo. 
A seguir vamos observar alguns efeitos que são promovidos pelas mudanças no clima, a níveis globais.
 
Eventos climáticos extremos
Uma das consequências que é bastante visível, é o aumento e a intensificação de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, e tempestades, que se tornam mais frequentes e severas.
Estes fatores colocam em risco a saúde humana, a agricultura e toda a infraestrutura de diversas localidades. 
Eventos caracterizados por chuvas fortes, furacões, tempestades e ciclones, se tornam mais frequentes e fortes, levando a um aumento de inundações, deslizamentos de terra e danos a toda a sociedade. 
 
Derretimento de gelo das calotas polares
O aquecimento climático acelerou o derretimento de gelo nas regiões polares e montanhosas. O derretimento do gelo destas regiões contribui para o aumento do nível do mar, que acaba colocando em risco as áreas costeiras e ilhas mais baixas. 
À medida que o nível do mar sobe, contribui com a erosão costeira, e promove a introdução de água salgada nas fontes de água doce continentais. 
A perda de gelo polar, também acaba perturbando diversos ecossistemas marinhos, e coloca em risco a sobrevivência de espécies que dependem principalmente desses habitats.
 
Perturbações dos ecossistemas
O aumento da temperatura global, perturba os delicados equilíbrios ecológicos de muitos ecossistemas, impactando na biodiversidade.
Mudanças em padrões de temperatura e precipitação, podem influenciar na distribuição geográfica de algumas espécies, alterando os habitats, o que pode levar à extinção de muitas espécies. 
Os recifes de coral, que são altamente sensíveis às mudanças de temperatura, estão passando por eventos de branqueamento generalizados.
Consequentemente, isso representa um grave risco à sobrevivência de outros seres vivos que se abrigam e se alimentam nestes locais.
Altas temperaturas também podem ter efeitos em cascata na biodiversidade, como por exemplo, prejudicando as cadeias alimentares, a polinização, e o funcionamento dos ecossistemas como um todo.
 
Implicações socioeconômicas
Ondas de calor e temperaturas extremas, contribuem para sobrecarregar as redes de transmissão de energia, o que apresenta altos riscos à segurança energética.
Sistemas agrícolas e de criação de animais, perdem a produtividade, como em culturas mais frágeis que não aguentam as secas, e com a diminuição de ganho de peso de animais, aumentando o custo de produção.
A escassez de alimentos gera uma instabilidade econômica, que aumenta os preços dos produtos, e desregula todo o mercado. 
 
Mudanças na produtividade agrícola
Os sistemas agrícolas são profundamente afetados pelo aumento de temperaturas a níveis globais. 
A alteração dos padrões de precipitação diminui o rendimento das colheitas e promove a redução da produtividade.
Acarretando assim, em quebras de safras, e representando grandes riscos para a segurança alimentar e os meios de subsistência, principalmente em regiões mais vulneráveis. 
 
Desafios da saúde pública
Problemas de saúde relacionados ao calor, sobrecarregam diversos sistemas de saúde, aumentando assim os custos com saúde pública.
As ondas de calor e o aumento das temperaturas, ajudam no aparecimento de diversas doenças, e contribuem para a ocorrência de mortes em função do calor extremo.
O público mais afetado é composto por idosos, crianças e pessoas com problemas de saúde pré-existentes. 
As mudanças climáticas também afetam a distribuição de vetores de doenças, como por exemplo, da malária, da dengue e da leptospirose. 
A escassez de recursos hídricos em determinadas regiões, também pode agravar a proliferação de doenças transmitidas pela água, promovendo a expansão de doenças.
 

Ações para buscar o equilíbrio da temperatura global

 
 
À medida que é urgente lidar com as mudanças climáticas, devemos focar em ações para restaurar o equilíbrio global da temperatura, de forma séria e objetiva.
Todos devem se unir para restaurar o delicado equilíbrio das temperaturas, considerando soluções baseadas em ações coletivas, grandes e pequenas. 
A seguir vamos considerar algumas medidas práticas que podem contribuir para equilibrar a temperatura global, e mitigar alguns impactos das mudanças climáticas.
 
Transição para energia de fontes renováveis
Devido à relevante contribuição nas mudanças climáticas, é preciso abandonar os combustíveis fósseis e adotar cada vez mais fontes de energias renováveis. 
Investir em sistemas de energia solar, eólica, e geotérmica, ajudam a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o que consequentemente ajuda a reduzir o efeito de aquecimento promovido com a queima de combustíveis fósseis. 
Incentivar projetos de energia renovável a níveis locais e nacionais, são cruciais para acelerar essa transição.
 
Eficiência e conservação de energia
A melhoria da eficiência energética, pode ser uma ferramenta muito valiosa para mitigar as mudanças climáticas. 
Adotando aparelhos energeticamente mais eficientes, estamos utilizando menos energia e ajudando para minimizar a demanda na geração.
Ações simples também podem contribuir, como o ato de desligar as luzes, usar a luz natural sempre que possível, e poupar luz em geral, ajudam a diminuir o consumo e demanda por mais energia.
 
Reflorestamento
Ações para restaurar e expandir áreas florestais, refletem positivamente contribuindo na captura de CO2 da atmosfera. 
As árvores são verdadeiros sumidouros naturais CO2, pois absorvem este gás diariamente.
Apoiar iniciativas que ajudam e promovem o plantio de árvores, tem um papel na promoção de ações que buscam o equilíbrio das temperaturas globais, na restauração dos ecossistemas e também na preservação da biodiversidade.
 
Agricultura sustentável
As práticas agrícolas considerando conceitos de sustentabilidade, são cruciais para o equilíbrio da temperatura. 
A implementação de técnicas agroecológicas, como agricultura orgânica, agrofloresta e agricultura de precisão, podem reduzir as emissões de gases de efeito estufa, e promover a saúde do solo, deixando o ambiente mais resiliente a possíveis agressões do clima.
O uso sustentável do solo, prioriza a proteção de habitats naturais, e evita o desmatamento, conservando as zonas úmidas que também ajudam a manter o equilíbrio da temperatura, o que ajuda a preservar os serviços ecossistêmicos.
 
Economia circular
A adoção de modelos de economia circular, reduz a geração de resíduos e ajudam a minimizar o consumo de mais recursos, mitigando assim as mudanças climáticas, que ocorrem com a geração de energia para produção de mais materiais, e para extração de matérias primas.
Por isso é muito importante considerar princípios como reduzir, reutilizar e reciclar materiais, considerando a adoção como por exemplo, de soluções como embalagens e sacolas ecológicas, que economizam energia e reduzem as emissões associadas à extração e fabricação de novos materiais. 
 
Gestão de resíduos
A implementação de práticas eficientes de gestão de resíduos, como por exemplo, a compostagem adequada de resíduos orgânicos, e tecnologias de conversão de resíduos em energia, podem reduzir a liberação de metano, que é um significativo gás de efeito estufa, presente em aterros sanitários. 
Quando os resíduos são destinados adequadamente, também ocorre o aproveitamento de materiais que servirão de materia prima para novos produtos, minimizando a demanda de extração de minerais e recursos do meio ambiente. 
Sendo assim, há uma contribuição para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, decorrentes da queima de combustíveis fósseis durante os transportes de materiais, e na geração de máquinas mineradoras.
 
Políticas públicas
A participação ativa na defesa do meio ambiente, é muito importante para a geração de gestores de políticas ambientais, que são vitais para impulsionar mudanças em diversas camadas sociais. 
Ao apoiar políticas conscientes que consideram as mudanças do clima, os indivíduos podem contribuir para a criação de um ambiente propício para criação de práticas sustentáveis e com a priorização de ações para reverter problemas climáticos. 
Políticas públicas, podem possibilitar a implementação de estratégias mais eficazes de gerenciamento de resíduos, incluindo tecnologias de reciclagem, compostagem e transformação de resíduos em energia, que é crucial para reduzir fatores que contribuem com as mudanças climáticas.
 
Educação ambiental
Por meio de conteúdos que abordam contextos de sustentabilidade e preservação ambiental, é possível também promover a disseminação da educação ambiental, que também favorece para que mais cidadãos tenham consciência, e ajudem a colaborar com ações que contribuam com o equilíbrio do clima no planeta. 
Quanto maior o número de pessoas contribuindo com a preservação do meio ambiente, e agindo considerando ações que contribuam com o equilíbrio das temperaturas globais, temos mais chances de conquistar resultados mais satisfatórios a níveis mundiais.

Considerando as mudanças climáticas

 
Conforme observamos anteriormente, para buscar o equilíbrio das temperaturas globais, precisamos promover esforços coletivos em todos os segmentos da sociedade, para realmente termos resultados satisfatórios no futuro.
Nesta luta contra as mudanças climáticas, uma das maiores armas da sociedade é a educação ambiental, pois ela ajuda a conscientizar toda a sociedade, para questões que devemos estar atentos, e saber como lidar e como contribuir para termos um futuro melhor.
Devemos possibilitar a transição para energia renovável, melhorar a eficiência energética, investir em reflorestamento, adotar práticas agrícolas sustentáveis, considerar a economia circular, e participarmos ativamente na defesa do meio ambiente, para causarmos impactos positivos e significativos no clima. 
Devemos aproveitar enquanto ainda há tempo para promover ações que buscam o equilíbrio da temperatura global, enquanto não piora mais a situação de forma que pode não ter mais volta.
Lidar com o aumento alarmante da temperatura global requer esforços significativos e  abrangentes, para combater e controlar as suas causas e efeitos. Devemos todos estar cientes e buscarmos fazer a nossa parte.
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