Microplásticos causam um grave problema global. Saiba o que está acontecendo neste contexto.

 

19/07/2022

Por: Airton Noé Araujo da Silveira. (Eng. Ambiental)

A criação dos plásticos, facilitou e alavancou a geração de milhares de novos produtos e possibilidades.

Porém com esta evolução material, da criação de vários tipos de plásticos, veio em conjunto alguns fatores negativos como a geração de resíduos com propriedades de difícil decomposição por formas naturais.

Os plásticos em geral estão por toda a parte em nossa sociedade, e não podemos negar que graças a eles, temos vários benefícios e facilidades que foram obtidas em nossa sociedade.

Os problemas reais relativos aos plásticos, estão na falta de consciência e preparo da sociedade em relação ao uso correto e adequado destes tipos de materiais.

Se refletirmos sobre os contaminantes em geral que existem no meio ambiente, não é difícil constatar que os plásticos não estão sozinhos neste ranking.

Os mais diversos processos e atividades antrópicas, são os maiores geradores de uma ampla diversidade de poluentes e contaminantes do meio ambiente.

Considerando mais especificamente os contaminantes plásticos, precisamos observar com mais atenção este tipo de contaminação, que tem uma granulometria bastante pequena.

Devido as características em função dos tamanhos de suas partículas, os microplásticos possibilitam um risco com características especiais.

O fato das partículas destes contaminantes terem tamanhos entre 5 mm e 0,001 mm, ocorre a possibilidade de diversas espécies, inclusive os humanos, de ingerirem estes materiais.

Os microplásticos podem ser encontrados nos mais diversos locais, e estão prejudicando o meio ambiente e a saúde de muitos seres vivos.

O fato dos microplásticos estarem introduzidos em diversos habitas, provoca uma ampla possibilidade de contaminação para diversas espécies.

A origem dos microplásticos podem ser de fontes que ocorrem com a degradação de produtos com partículas maiores, ou de origem de produtos que a sua composição já seja projetada para ter estas partículas bem pequenas, como no caso de certos esfoliantes.

Os microplásticos e nossa saúde

Na saúde humana ainda temos muitas pesquisas a desenvolver sobre a influência destes contaminantes nas nossas vidas, mas já temos diversas pesquisas que alertam sobre a presença de microplásticos em nossos corpos.

Como o nosso organismo não possui um sistema preparado para degradar e
expelir materiais plásticos, estes resíduos podem se acumular em determinados
pontos do nosso organismo.

Conforme o nosso sistema de defesa corporal, ao encontrar corpos estranhos,
na grande maioria dos casos em um sistema imunológico normal, a tendência é
ocorrer uma reação do organismo para expulsar as possíveis ameaças.

Seguindo este conhecido conceito citado anteriormente, podemos imaginar então que a presença de microplásticos no corpo, pode acarretar reações e doenças indesejadas.

Cientistas da Holanda e do Reino Unido anunciaram que encontraram pequenas partículas de plástico em humanos vivos, em dois lugares onde não haviam sido vistas antes: enraizados em pulmões de pacientes de cirurgia e no sangue de doadores anônimos.

Fonte: National Geographic

Um preocupante estudo feito em 2019, da WWF International, alertou que podemos estar ingerindo microplásticos em quantidades equivalentes a um cartão de crédito por semana. Isso ocorreria em boa parte, em função da ingestão de alimentos como por exemplo, frutos do mar.

Um estudo conseguiu confirmar a presença de microplásticos dentro da placenta humana, segundo uma matéria publicada na revista científica “Environment International”. 

Fonte: UOL

Além de contaminar o solo e mar, os microplásticos também poluem a atmosfera.

Em um estudo publicado no Jornal da USP, é mencionado que as partículas de microplásticos pode ser encontrado em material particulado que é encontrado no ar de centros urbanos.

O material particulado presente no ar, pode contém os microplásticos, que são altamente prejudiciais à saúde, pois quando penetram no sistema respiratório, se depositam de forma acumulativa e podem carregar uma infinidade de componentes químicos associados.

Este material particulado depositado no sistema respiratório, pode causar uma série de problemas como por exemplo, reações alérgicas, processos inflamatórios, e fibroses.

Os primeiros estudos sobre o microplásticos são de 2015, bastante recentes. Realizados primeiramente na região da Grande Paris, na França, os estudos mostraram que na região são depositadas cerca de 300 partículas por metro quadrado por dia. 

Fonte: Jornal da USP

Saiba mais sobre esta pesquisa

Os microplásticos e o meio ambiente

No meio ambiente, estes tipos de plásticos em partículas milimétricas, podem acarretar diversos prejuízos para a fauna em geral, com acentuada influência negativa na vida marinha.

Estima-se que todo ano 8 milhões de toneladas de plástico entram no oceano, mas apenas 1% desse resíduo é encontrado em forma visível e boiando na superfície. Assim, é sugerido que o grande volume de plástico que habita os oceanos são microplásticos. 

Fonte: Socientifica

Além das propriedades referentes as composições dos variados tipos de plásticos, há um fator extra que foi abordado em uma pesquisa divulgada na Revista Galileu.

Esta pesquisa menciona uma constatação de pesquisadores, que segundo um estudo, constataram que quanto menores as partículas de microplásticos, é maior a sua capacidade de poder acumular também metais e semimetais nestes resíduos.

Considerando esta abordagem, podemos facilmente compreender que além dos microplásticos por si só, já serem um problema, podem conter também um agravante por servirem de veículo para outras substâncias, que podem ser altamente prejudiciais à saúde.

Um estudo sobre poluição por microplásticos, em sedimentos no fundo do mar da Grande Baía Australiana, estima conservadoramente que 14 milhões de toneladas de microplástico residem no fundo do oceano.

Fonte: Frontiersin

Saiba mais sobre esta pesquisa

A vida marinha vem sendo colocada em risco, pela presença cada vez maior de contaminantes plásticos, somados com outros milhares tipos de poluentes.

Assim como na cadeia alimentar é exposta a presença de microplásticos, as espécies menores ingerem estes resíduos artificiais, e as espécies marinhas maiores, ingerem as menores contaminadas. 

Neste ciclo alimentar, ocorre então a presença acumulativa de resíduos nestes organismos marinhos.

E saindo do ambiente marinho, outros seres vivos que se alimentam de espécies marinhas, como por exemplo algumas aves e os humanos, também podem consumir os microplásticos acumulados nestes organismos. 

Imagem: Representação de um ciclo de microplásticos que interage com a vida marinha e a dos humanos.

 

Fonte: Ambientamais

Pesquisas e novas tecnologias são benvindas, para buscar de alguma forma remover ou neutralizar estes microplásticos que estão disseminados no meio ambiente. 

Porém devido à enorme quantidade de resíduos, e a sua granulometria muito pequena, se torna muito difícil encontrar processos realmente eficazes para limpar o ambiente afetado.

Imagine como seria um processo de limpeza de enormes volumes de água do mar, e praias afetadas. Para isso ocorrer, com eficácia e de forma satisfatória, seria preciso processos altamente elaborados e de altos custos, pois envolvem enormes áreas a tratar.

Cientistas da Universidade de Adelaide, na Austrália, criaram um sistema de ímãs que remove e consegue modificar os microplásticos da água. A tecnologia utiliza a ferramenta feita de carbono em formato de mola para quebrar as moléculas do plástico, diminuindo seu efeito de contaminação. O projeto foi publicado na Revista Matter.

Fonte: Consumidor Moderno

Devido a estas preocupantes constatações, é um dever de todos estarem cientes deste problema global, e procurar de alguma forma contribuir para que este problema não prossiga aumentando.

O tamanho do problema, com certeza pode até transmitir uma sensação para muitas pessoas, que é impossível fazer algo de forma isolada ou que realmente represente algo significativo para mudar a situação.

Porém se pensarmos assim, nenhum grande problema pode ser mudado neste planeta, além daqueles então, que podemos fazer a nossa parte para contribuir com a solução.

Pensando nisso, veja a seguir algumas dicas de possibilidades de contribuir para a diminuição da presença de resíduos plásticos nos ambientes marinhos, e no meio ambiente em geral:

_Contribuir com a destinação adequada de seus resíduos domésticos, através da coleta seletiva.

_Quando praticar a pesca, não descartar materiais artificiais nos ambientes aquáticos.

_Recolher os resíduos coletados em filtros de máquinas de lavar, e colocar em lixeiras de lixo seco, para que os microplásticos não sigam para os cursos de água.

_Evitar que resíduos plásticos fiquem expostos em áreas externas, pois em ocasiões de chuvas, podem ser arrastados e levados para os cursos de água.

_Denunciar para órgãos competentes, possíveis entidades ou indivíduos que estão efetuando despejos irregulares de resíduos em locais inadequados.

_Repassar dicas úteis que colaboram com estes princípios, para que outras pessoas também possam fazer a sua parte.

 

Agora considerando todas estas observações anteriormente citadas, vamos fazer um esforço para não se esquecer do que está em jogo, e vamos procurar juntos fazer a nossa parte.

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