Por: Airton Noé A. da Silveira (Eng. ambiental)
05/12/23
Os problemas causados pelo colapso de minas em Maceió, já afetaram cerca de 15 hectares de manguezal, perdidos em função do afundamento do solo, afetando também mais de 200 mil pessoas em função que podem ter seus imóveis envolvidos em alagamentos, entre outros problemas sócio ambientais.
Devido ao afundamento do manguezal na região, acontece um grave impacto na cadeia produtiva do molusco sururu, que está envolvido na fonte de renda de pescadores locais.
Conforme a Defesa Civil de Maceió emitiu um alerta 30/11/23 referente ao possível colapso de uma mina de sal-gema da Braskem, situada no bairro do Mutange, gerou grande transtorno à população, considerando que há a indicação para não transitar na região devido ao risco de desastres ambientais.
A mina da Braskem, envolvida neste grave problema ambiental, é utilizada para extração de sal-gema, que é retirada por meio de escavações em poços onde é injetada água para alcançar a camada de sal.
Após acontecer a extração do sal-gema, estas cavernas que foram criadas em função das escavações, recebem o preenchimento de material líquido buscando estabilizar o solo.
O sal-gema, que é o cloreto de sódio, juntamente de cloreto de potássio e cloreto de magnésio, encontra-se em profundidades por volta de até 1.000 metros de profundidade.
Esses minerais são utilizados em indústrias como, por exemplo, para a produção de soda cáustica, e também em indústrias que fabricam papel.
Os impactos ambientais que a exploração das minas de sal-gema em Maceió geram, acontecem em função da desestabilização de cavernas subterrâneas na região, o que coloca em risco toda a população próxima, e ecossistemas envolvidos. A desestabilização da região das escavações da mina gera tremores, e promove a movimentação e afundamento do solo.
Foto: Divulgado pela Braskem, este mapa indica a faixa dentro da linha amarela, de onde os moradores precisarão ser realocados. Nesta região serão fechados 15 poços de mineração.
Fonte: Divulgação/Braskem
Além dos graves problemas diretos ao meio ambiente que esta mina tem gerado, há outros problemas de ordem sócio ambiental que foram criados em função deste evento.
Considerando o risco de desastre anunciado para a região, ocorre um grave efeito negativo ao comércio local, turismo, pescadores locais, e pessoas que precisam se deslocar nesta região afetada em função de suas atividades rotineiras.
A instalação da mina da Braskem está envolvida em um conjunto de fatores que somados ajudaram a resultar na situação atual, que caminha para proporções de grave desastre ambiental na região envolvida.
Em função do risco que uma mina deste tipo pode oferecer ao solo da região, não poderia ter sido instalada próxima de uma área urbanizada.
Também houve falha na construção da mina em função que não foram respeitados alguns parâmetros mínimos de segurança como diâmetro e distâncias mínimas entre paredes de escavações.
Outro importante fator que deveria ter sido considerado antes de propor uma mina nesta região, é a questão da presença de uma falha geológica que está presente no local.
Considerando este contexto de fatores que deveriam ter sido considerados para a instalação da mina, ocorreu a falta de interação de importante elemento que deveria ter ajudado a evitar esta situação, que é o órgão ambiental responsável local.
Como que uma mina nesta proporção, e com todo o potencial de impactos ambientais, consegue se instalar e operar na região, sem ter um monitoramento adequado, e com fiscalizações de órgãos responsáveis que poderiam ter identificado irregularidades com mais antecedência?
“Não temos acesso ao estudo dos impactos ambientais dessas minas. Poderíamos ter evitado chegar a esse estado crítico, foi uma sucessão de crimes ambientais”, afirma Neirevane (Especialista em Biodiversidade e Manejo de Unidades de Conservação pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL)
Fonte: CNN
Em função da movimentação de solo na mina da petroquímica Braskem na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, aconteceu cerca de cinco abalos sísmicos na área ainda em novembro. Em função destes abalos no solo, pode acontecer um efeito cascata afetando as outras minas próximas.
A Braskem precisou se mobilizar para monitorar a região afetada no bairro do Mutange, em Maceió, e está apoiando a realocação de pessoas que têm 23 imóveis em uma região muito afetada e com grande risco.
Estas minas em Maceió, já haviam demonstrado instabilidade em função que apresentarem afundamento de solo por volta de 2018, confirmado o fenômeno pelo Serviço Geológico do Brasil, o SGB, em 2019.
Desde então, o Ministério Público Federal de Alagoas estava acompanhando a situação, que começou a afetar vários imóveis da região, prejudicando o cotidiano de vários moradores locais.
Sabe-se que a prefeitura desta cidade afetada, fechou um acordo este ano com a empresa responsável pela mina, com valor de indenização na faixa de R$1,7 bilhão de reais, em função dos danos que aconteceram demonstrando o afundamento de bairros da cidade.
A empresa Braskem informou em 05/12/23, que vai começar um programa de compensação financeira para os moradores dos imóveis que estão na área afetada, que se estende na faixa dos 15 poços de mineração, e que serão fechados de forma definitiva. A região afetada em Maceió, envolve imóveis nos bairros do Mutange, Pinheiro e Bebedouro e Pinheiro.
Agora resta saber se este valor realmente poderia mitigar os prejuízos destacados com os efeitos da mina para a população afetada, pois para os danos ao meio ambiente na região, há situações que o dinheiro não consegue reverter.
Fontes: CNN / FolhaBV / G1
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