Por: Airton Noé A. da Silveira. (Eng. ambiental)
29/12/2022
Para podermos falar sobre o tratamento de esgotos, é importante abordar informações que nos dão um parâmetro inicial da situação atual, pois boa parte das cidades brasileiras, tem sistemas de coleta municipais, em formato de sistemas com canalizações, porém nem todas estas cidades tem um encaminhamento para unidades de tratamento destes efluentes.
Segundo a Agência Nacional de Águas, e a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, no Brasil, temos cerca de 43% da população, com atendimento de esgoto coletado e tratado, e cerca de 12%, utilizando fossa séptica, que é uma solução individual de tratamento.
Considerando esta parcela, temos somente 55% da população possui certo tratamento de esgoto, que pode ser considerado mais adequado.
O restante, por volta de 18% têm seu esgoto coletado e não tratado e os 27% restantes, não cotam com coleta e nem tratamento de esgoto.
A água que é encaminhada para estes sistemas de esgotos, tem origem variada como por exemplo, a água de descarga de vasos sanitários, de pias domésticas, de lavagens diversas de usos residenciais, e também comerciais. Enfim, todo tipo de água residual que estamos acostumados a descartar em nossas residências e em muitos locais de trabalho.
Além da água residual doméstica, aquela que se transforma em residual em muitas indústrias, também é descartada na mesma rede coletora urbana, que conduz esta água residual doméstica.
Conforme esta água residual urbana, recebe resíduos de diversas fontes, como domésticas e industriais, ela vai agregando grandes quantidades de contaminantes e micro-organismos, que podem ser muito prejudiciais se entrarem em contato com corpos hídricos, ou serem consumidos por algum indivíduo, como por exemplo, sendo eles humanos ou animal silvestres.
Além desta água contaminada ir se formando com o decorrer das diversas fontes geradoras, temos um outro problema, que ocorre em boa parte dos sistemas de coleta destas águas, que é a situação que este volume líquido é agregado em decorrência das chuvas.
No contexto da chuva que entra nos esgotos e tem sua água contaminada também, ocasiona então um aumento de água neste sistema de esgotos, e consequentemente, maiores volumes de líquidos a serem tratados antes de irem para os corpos hídricos.
Isso considerando comunidades que tenham sistemas de tratamento de esgotos municipais, e imagine então aqueles que não tem este recurso.
Além da água contaminada ter um alto potencial de negativo para seres humanos e animais, não podemos esquecer que também há o potencial negativo que esta água pode causar na vegetação local, e em plantações.
Considere um breve exemplo, de um rio que recebe todo o descarte de esgoto municipal, sem nenhum tratamento, e que seja a principal fonte de irrigação de várias culturas para a geração de alimentos dos moradores, em que situação estará exposta esta comunidade.
Este aspecto pode ser muito negativo para a qualidade de vida de diversos indivíduos, pois serão parte de um perigoso ciclo de contaminantes no meio em que vivem e se alimentam.
Etapas do tratamento de esgoto
A seguir vamos abordar em relação as etapas que são necessárias para promover um tratamento de águas residuais de esgotos.
Estas etapas estão divididas em uma sequência primária, secundária e terciária.
Dentro ainda destas 3 divisões, existem processos distintos, porém considerando uma sequência necessária, e que atuam em conjunto na promoção do tratamento do efluente.
Tratamento primário: Contempla processos mecânicos e químicos que auxiliam no contexto de separação de elementos sólidos presentes em suspenção na água. Dentro do processo primário, temos como por exemplo, o gradeamento, tanques de decantação, sistemas de flotação, tanques de equalização, e neutralização de pH.
Tratamento secundário: Nesta etapa, ocorrem processos que promovem a degradação da matéria orgânica presente no efluente. Após passar pelo tratamento primário, o efluente com menor carga de resíduos, passa por compartimentos que visam acelerar o processo de degradação do material orgânico, considerando a atuação de micro-organismos aeróbios e anaeróbios. Dentro desta etapa, temos como por exemplo, processos de lagoas de estabilização, lagoas com aeração forçada, filtros de percolação, sistemas de lodos ativados e reatores anaeróbios.
Tratamento terciário: Após a passagem em processos secundários, nesta etapa o intuito é fazer uma remoção final de possíveis contaminantes que ainda possam estar presentes no efluente, como por exemplo, nutrientes de origem orgânica, metais pesados, e outros possíveis elementos contaminantes. Neste contexto então, são aplicados processos como por exemplo, a microfiltração, coagulação, troca iônica, adsorção, osmose reversa, ultra filtração, cloração e ozonização.
Processos de tratamento de esgotos
Conforme uma sequência de costume, em muitas unidades de tratamento de esgotos, temos o seguinte conjunto de processos: